Reciclar é urgente e inadiável



Por Maristela Crispim
Dia Mundial da Reciclagem foi comemorado ontem, 17 de maio, enquanto o nosso País, vive um momento ímpar no que diz respeito aos resíduos sólidos, com a proximidade do fim do prazo mais radical da Política Nacional de resíduos Sólidos (PNRS),
sancionada em agosto de 2010, após mais de 20 anos de tramitação no Congresso. Ela estabeleceu agosto de 2014 como prazo para a extinção dos lixões em nosso território.


Mas, reunidos há duas semanas em Brasília, nossos atuais prefeitos querem mais tempo e pediram isso ao Congresso. Eles alegam que seus antecessores não cumpriram os outros prazos. Na semana que passou, entrevistei o diretor-executivo do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), André Vilhena, que foi categórico: “Eles não vão ter mais tempo. Isso é um desrespeito com os que cumpriram”, disse.

O fato é que a legislação chegou mais que em boa hora. No período pré-industrial, os resíduos não geravam grande preocupação por dois principais motivos: volume e composição. No fim de 2011, ultrapassamos a marca de 7 bilhões de habitantes e a descartabilidade cresceu tanto quanto o nosso consumismo.

De acordo a última Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, do Instituto Brasileiro de Estatística (IBGE), cada brasileiro produz, em média, 1,1Kg de lixo em média por dia. No País, são coletadas diariamente 188,8 toneladas de resíduos sólidos. Desse total, em 50,8% dos municípios, os resíduos ainda têm destino inadequado, pois vão para os 2.906 lixões do País. Em 27,7% das cidades o lixo vai para os aterros sanitários e em 22,5% delas, para os aterros controlados.

É importante frisar que a PNRS responsabiliza todas as partes – produtor, comerciante, consumidor, e governo – pela destinação final dos resíduos e que é realmente necessário que todos cumpram o seu dever para sairmos do lugar.

Infelizmente, evitar o desperdício, reutilizar e reciclar ainda não fazem parte do dia a dia da maioria dos brasileiros. Mas isso precisa mudar urgentemente. Há quem diga que vai funcionar se afetar o bolso, como ocorreu com a obrigatoriedade com cinto de segurança. Mas eu quero acreditar que algo de diferente possa acontecer.

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) destaca que o número de programas de coleta seletiva passou de 451, em 2000; para 994, em 2008. Mas esse contingente está concentrado nas regiões Sul e Sudeste, onde, respectivamente, 46% e 32,4% dos municípios informaram à pesquisa do IBGE que possuem coleta seletiva em todos os distritos.

É importante dizer que, além do fechamento dos lixões até agosto de 2014, a lei determina que só poderão ser encaminhados aos aterros sanitários aqueles resíduos que não podem ser reciclados, os rejeitos.

Se aplicadas, as novas responsabilidades definidas pela PNRS vão reduzir gastos públicos municipais e ampliar a capacidade de investimentos das prefeituras em sistemas de reaproveitamento de resíduos de forma consorciada, assim como o compartilhamento de aterros sanitários entre municípios de uma mesma região.

Reciclagem
A palavra reciclagem ganhou destaque a partir do fim da década de 1980, quando foi constatado que as fontes de petróleo e de outras matérias-primas não renováveis estavam se esgotando rapidamente, e que já faltava espaço para a disposição de resíduos na natureza.

As maiores vantagens da reciclagem são a minimização da utilização de fontes naturais, muitas vezes não renováveis; e a minimização da quantidade de resíduos que necessita de tratamento final, como aterramento, ou incineração.

Refinando conceitos, a reciclagem serve apenas para os materiais que podem voltar ao estado original e serem transformados novamente em um produto igual em todas as suas características. O reaproveitamento ou reutilização consiste em transformar um determinado material já beneficiado em outro.

Um exemplo claro da diferença entre os dois conceitos, é o reaproveitamento do papel. O papel chamado de reciclado não é nada parecido com aquele que foi beneficiado pela primeira vez. Este novo papel tem cor diferente, textura diferente e gramatura diferente. Isto acontece devido a não possibilidade de retornar o material utilizado ao seu estado original e sim transformá-lo em uma massa que ao fim do processo resulta em um novo material de características diferentes.

Já uma lata de alumínio pode ser derretida de volta ao estado em que estava antes de ser beneficiada e ser transformada em lata, podendo novamente voltar a ser uma lata com as mesmas características.

Em alguns casos, não é possível reciclar indefinidamente o material. Isso acontece, por exemplo, com o papel, que tem algumas de suas propriedades físicas minimizadas a cada processo de reciclagem, devido ao inevitável encurtamento das fibras de celulose.

Em outros casos, felizmente, isso não acontece. A reciclagem do alumínio, por exemplo, não acarreta em nenhuma perda de suas propriedades físicas, e esse pode, assim, ser reciclado continuamente.

Resultados
Os resultados da reciclagem são expressivos tanto no campo ambiental, quanto nos campos econômico e social. No meio ambiente a reciclagem pode reduzir a acumulação progressiva de resíduos a produção de novos materiais, como por exemplo o papel, que exigiria o corte de mais árvores; as emissões de gases como metano e gás carbônico; as agressões ao solo, ar e água; entre outros tantos fatores negativos.

No aspecto econômico, contribui para o uso mais racional dos recursos naturais e a reposição daqueles recursos que são passíveis de reaproveitamento. No âmbito social, não só proporciona melhor qualidade de vida para as pessoas, por meio das melhorias ambientais, como também tem gerado muitos postos de trabalho e rendimento para pessoas que vivem nas camadas mais pobres.

No Brasil existem os carroceiros ou catadores de papel, que vivem da venda de sucatas, papéis, alumínio e outros materiais recicláveis deixados no lixo. Eles também trabalham na coleta ou na classificação de materiais para a reciclagem. Para muitas das pessoas que trabalham na reciclagem (em especial os que têm menos educação formal), a reciclagem é uma das únicas alternativas de ganhar o seu sustento.

Coleta seletiva
Coleta seletiva é o recolhimento dos materiais que são possíveis de serem reciclados, previamente separados na fonte geradora. A separação na fonte evita a contaminação dos materiais reaproveitáveis, aumenta o valor agregado destes e diminui os custos de reciclagem.

Para iniciar um processo de coleta seletiva é preciso avaliar, quantitativamente e qualitativamente, o perfil dos resíduos sólidos gerados em determinado município ou localidade, a fim de estruturar melhor o processo de coleta.

O lixo orgânico (deteriorável), também conhecido como lixo molhado, composto pelos restos de alimentos, deve ser separado do lixo chamado seco, podendo ter como destino os aterros sanitários ou entrarem num sistema de compostagem ou de biogás.

Classificação
Porta a Porta – Veículos coletores percorrem as residências em dias e horários específicos que não coincidam com a coleta normal de lixo. Os moradores colocam os recicláveis nas calçadas, acondicionados em contêineres distintos.
Posto de Entrega Voluntária (PEV) – Utiliza contêineres ou pequenos depósitos, colocados em pontos físicos no município, onde o cidadão, espontaneamente, deposita os recicláveis.
Posto de Troca – Troca do material a ser reciclado por algum bem ou benefício.
Programa Interno de Coleta Seletiva (PIC) – Realizado em instituições públicas e privadas, em parceria com associações de catadores ou empresas.

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